Jovem brasileiro em Goiás é barrado em Universidade Federal por banca que se diz ilibada e examinadora do sistema de cotas, como não sendo pardo quando todo e qualquer brasileiro enxerga facilmente que ele é pardo - o que está acontecendo no Brasil afinal

30/03/2025 16:28

Jovem brasileiro em Goiás é barrado em Universidade Federal por banca que se diz ilibada e examinadora do sistema de cotas, como não sendo pardo quando todo e qualquer brasileiro enxerga facilmente que ele é pardo - o que está acontecendo no Brasil afinal?

 

https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2025/03/19/aluno-aprovado-por-cotas-e-barrado-em-banca-da-ufg-por-nao-ser-considerado-pardo-houve-a-alegacao-de-que-eu-tenho-cabelo-liso-e-pele-clara.ghtml

 

Por Kariny Bianca, Vinicius Moraes, g1 Goiás

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aluno fala sobre ter sido barrado em banca da UFG por não ser considerado pardo

O aluno aprovado por cotas na Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, para o curso de biotecnologia, Richard Aires de Sousa, de 19 anos, declarou que foi barrado pela Comissão de Heteroidentificação. O jovem tem a mãe negra e o pai branco, mas não foi reconhecido pelo grupo como pardo. Segundo o documento da banca, Richard tem "pele clara e cabelo liso". Em um vídeo, a família falou sobre como foi afetada pela decisão (veja acima).

Em nota ao g1, a UFG informou que a banca avalia apenas as características físicas dos candidatos e que, nesse caso, não há mais possibilidade de recurso.

A instituição explicou ainda que a banca é composta por cinco membros e suplentes. "O procedimento é realizado por pessoas de reputação ilibada, que participaram de oficinas ou cursos sobre a temática da promoção da igualdade racial e do enfrentamento ao racismo e preferencialmente experientes nesta temática", destacaram (confira a nota completa ao final do texto).

De acordo com o adolescente, ele foi aprovado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no dia 13 de fevereiro. No dia 26 de fevereiro, Richard foi examinado pela Comissão de Heteroidentificação e recebeu o resultado ainda no local de que seu pedido de cota como pardo havia sido negado.

 

"Houve a alegação de que eu tenho cabelo liso e pele clara", afirmou o estudante.

 

A mãe do aluno, Lilia Rosa, esteve presente no dia da avaliação. Ela contou que quando foram chamados pela banca para pegar o documento da negativa, ela questionou a decisão.

 

"A única reação que eu tive na hora foi de perguntar para ela, se ele não era pardo, qual era a cor dele. E, na hora, ela não teve nem resposta para mim", afirmou.

 

Insatisfeito com o resultado, Richard abriu um recurso para questionar a decisão, no qual destacou suas características pardas que atendem aos critérios impostos pela banca, como nariz largo e lábios grossos. Mesmo assim, o pedido foi novamente indeferido no dia 27 de fevereiro.

 

"Desde que me entendo por gente, sou uma pessoa parda, filho de uma mãe preta com avós pretos e um pai branco com avós brancos e creio que devido a essa mistura, possuo como pode ser observado, uma pele não branca porém com cabelo liso, nariz largo e lábios grossos, características vindas obviamente da miscigenação", destacou Richard no recurso.